A cura que vem do mar
A biodiversidade do Brasil é um grande trunfo na pesquisa visando a prevenção e cura de doenças. No ambiente terrestre, já foram descobertas centenas de drogas provenientes de vegetais, que hoje estão em uso clínico. No ambiente marinho, porém, esse uso ainda é muito insipiente.
Há aproximadamente 30 anos, a comunidade científica começou a considerar a possibilidade de usar algas marinhas como fontes de fármacos, uma vez que das plantas terrestres já era extraída uma grande quantidade de metabólitos capazes de tratar doenças.
As algas já estão presentes em vários produtos corriqueiros, a exemplo de shampoos, cosméticos, cremes dentais e até na cápsula de alguns antibióticos. O ácido algínico - um polissacarídeo existente em abundância em algas marrons - por exemplo, é utilizado, combinado com um sal, para filtrar as impurezas da cerveja e do vinho.
"Estudos recentes têm demonstrado que as macroalgas marinhas possuem metabólitos especiais com efeitos inibitórios em vírus, em células cancerígenas, além de possuírem efeito anti-coagulante, anti-trombótico, anti-inflamató rio e outros. Os resultados dessas pesquisas têm revelado um forte potencial como fonte de novos fármacos", disse a professora Yocie Yoneshigue Valentin, do Departamento de Botânica do Instituto de Biologia da UFRJ – Universidade Federal do Rio de Janeiro -, que desenvolve atualmente uma pesquisa sobre esses organismos.
Ela é a coordenadora da RedeAlgas, um projeto multidisciplinar existente desde 2005, implantado pelo Ministério de Ciência e Tecnologia, que engloba diversas entidades de pesquisa.
Descobertas
Com a substância ativa triol, extraída da macroalga Dictyota menstrualis, os pesquisadores descobriram um gel intravaginal microbicida. O medicamento está sendo desenvolvido especialmente para mulheres com AIDS.
As macroalgas marinhas também originam produtos que atuam no tratamento e na profilaxia de problemas de coagulação. A Spatoglossum schröederi tem potencial anticoagulante e a Botryocladia occidentalis é um poderoso antitrombótico.
Quanto ao custo dos produtos, a professora Yocie afirma que ainda não se pode prever se esses medicamentos serão mais baratos ou mais caros que os já existentes no mercado. "Apesar dos efeitos detectados a partir das algas marinhas, não há nenhum produto lançado no comércio. São todos ainda na base de pesquisas aplicadas", explica.
Segundo ela, se tudo correr como planejado, dentro de cinco anos o mercado poderá se beneficiar com os produtos das algas marinhas.
"O mar é uma fonte inesgotável de novos fármacos e que renderão muitos frutos para a Ciência e a Sociedade como um todo", prevê.
http://www.ambiente brasil.com. br/noticias/ index.php3? action=ler&id=33141
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